sexta-feira, 13 de julho de 2012



TÁ PRECISANO DE ARGUMA COISA ZINFIÚ?

Há mais de vinte anos fui a uma gira de umbanda, era dia de festa, foi a família toda. Em certo ponto do trabalho podíamos falar com os guias. Passamos por um preto velho e um dos meus filhos (6 anos na ocasião), superantenado sempre, estava ao meu lado, encantado; lá na cabecinha dele estava tentando entender como é que uma mulher (médium) podia falar como um velho e de um jeito tão diferente – estava ao meu lado e depois que eu parei de falar; ficou em frente ao preto velho: Tá precisano de arguma coisa zinfiú? Ele pensou, pensou, e disse: Tô precisando de um tênis, meias, cuecas! – foi só risada.

Na sua ingenuidade infantil meu menino mostrou uma analogia entre o que nós adultos solicitamos á espiritualidade e o que realmente precisamos. Nossa falta de maturidade espiritual é imensa – continuamos como na escola: não prestamos atenção na aula; não fazemos as lições de casa; não estudamos para as provas e depois fazemos promessa para não sermos reprovados.
Nossos pedidos são quase sempre apenas utilitaristas.

Interessante que paremos para pensar a respeito do que pedimos a Deus, á vida, aos santos, aos guias...

Nós nos comportamos mais ou menos como fez meu menino.

Quem sabe um dia:
Tá precisano de arguma coisa zinfiú?
Sim senhor!
Tô precisando de juízo!

Namastê.

sexta-feira, 6 de julho de 2012



VÁRIOS OLHARES SOBRE A LEI DE RETORNO

Aqui se planta.
Aqui se colhe.
Aqui se faz.
Aqui se paga...

(E, cada vez mais rápido...)

    Esse é um ditado popular muito antigo e até certo ponto verdadeiro. Embora focado no lado negativo da vida. O que é normal, pois nossas escolhas que contrariam as leis naturais ainda superam em muito as escolhas corretas. Por esse motivo, sempre é mais fácil perceber a lei do retorno como um tipo de punição ou de castigo.

Nessa situação, quando se trata de examinar a vida alheia, nós somos experts no assunto:
- Bem feito! fez isso, e logo recebeu de volta aquilo...
-         Todo mundo tem o que merece...

Mas, quando o retorno, traz consigo a vitória ou a prosperidade dos outros somos até capazes de reconhecer-lhes o esforço; contudo, a dificuldade em anular a inveja e o despeito é enorme. Então, sempre que possível, verbalizamos com todas as letras, ou deixamos ao menos nas entrelinhas, que houve uma dose de sorte...
- Que sorte!
- Que destino maravilhoso Deus reservou para fulano!
- Deus foi muito bom para eles!
- E, outros disfarces da inveja e do despeito...

    Com freqüência usamos de vários pesos e várias medidas para avaliar os efeitos que expressam sofrimento nos outros.
Quando se trata da vida de nossos inimigos:
Deus é justo, até prá lá de justo, impecável mesmo.
Já quando somos nós ou nossos queridos que sofremos, interpretamos como azar ou destino.

    Outro olhar sobre a lei do retorno: a sensação de aceleração do tempo.
    Mesmo que neguemos, sabemos que hoje é ontem de volta.
As diretrizes que movem nosso presente são a materialização dos efeitos das escolhas do passado se apresentando ao foco da consciência.

    Num ritmo de ocorrências mais lento causa e efeito, permanecia naturalmente dissociados em nossas lembranças; o que deu origem a conceitos de sorte, azar, destino, Deus quis isso ou aquilo.
Se hoje eu vivo uma determinada situação que me aflige, como aceitar o fato como minha escolha se não lembro?
O esquecimento do passado, muitas vezes nos parece injusto.
No entanto, com o ampliar da consciência, nós descobrimos que não nos lembrarmos do que fizemos é uma benção; pois a percepção clara de causas e efeitos pode nos aprisionar em lamentos inúteis, choros e vinganças.

    Nos últimos tempos as ocorrências se aceleraram; um novo ritmo se imprimiu á lei de retorno, e novos limites foram criados. E, estão ficando cada vez mais estreitos, desmantelando nossos álibis e desculpas.

    Causa e efeito está se aproximando tanto nesse final dos tempos, que vão sair na mesma foto...

A melhor forma de olhar a lei de retorno atrelada ao tempo é focar nas coisas boas; nos acontecimentos alegres. Pois como disse o sábio: “Tudo passa” – vai e volta.

Que tal um novo olhar sobre o ditado popular?
Aqui se planta.
Aqui se colhe.
Aqui se faz.
Aqui se recebe.